Certo chinês abastado construiu numa avenida da cidade um prédio para sua residência, obedecendo, a construção, ao determinado pelos espíritos do bom agouro.
Receosos de que alguém pudesse construir nos terrenos que enfrentassem a sua moradia, de modo a impedir que os ventos propícios soprassem em sua casa, colocou na fachada do edifício, uma curiosa águia de pedra em atitude de levantar voo, pronta a atacar os espíritos maus, que pudessem vir de qualquer construção que ficasse no ângulo, que não deveria ser ocupado.
Um outro chinês, tempos depois, lembrou-se de construir um prédio, para sua habitação, precisamente no sítio para onde estava virada a águia defensora.
Como, porém, a atitude da águia pudesse pôr em risco a felicidade do seu lar, que fez o prudente chinês?
Mandou colocar, na fachada do prédio que construiu, um caçador em pedra, com a espingarda apontada à águia, defendendo assim a sua casa dos ataques possíveis da águia agresssora.
(1) RÊGO, Francisco de Carvalho e – Cartas da China. Macau, 1949.