Foi inaugurado a 6 de Janeiro de 1933, o «Novo Asilo dos Órfãos», sob o patrocínio da Associação Pública de Protecção aos jovens Pobres e Órfãos, alimentada com cotas mensais, sessões  de animatógrafo e outras representações de benefício. Faltava um prédio adequado, porque o 1.º, ao Tap Seac, passou a ser o Liceu Central de Macau (1). Com a ajuda de muitas almas boas, entre elas o arquitecto Keil do Amaral e o Dr. Gustavo Nolasco da Silva (2), impulsionados por Pedro Paulo Ângelo, o Asilo foi instalado na Travessa dos Santos n.º 2 e encontrou quem lhe permitisse continuar. (3) (4).

Asylo dos ÓrphãosAsylo dos Orphãos na Rua Conselheiro Ferreira de Almeida (Tap Seac) (5)

O Asilo dos Órfãos foi criado em 1900 (Boletim Oficial n.º 15 de 14-04-1900), pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia, Pedro Nolasco da Silva tendo ficado a cargo da mesma Santa Casa e instalado em edifício próprio, ao Tap Seac.  A instituição foi extinta por medidas económicas em 1918, tendo recolhido e educado  ao todo 182 rapazes, alguns dos quais atingiram lugares inportantes dentro e fora de Macau. Um dos ex-protegidos, Pedro Paulo Ângelo, então fazendo parte da Mesa Directora da Sta. Casa, resolveu reerguer o Asilo e, após proposta em sessão, foi a mesma aprovada por unanimidade.

Assim em 14 de Julho de 1931, Pedro Paulo Ângelo inicia uma subscrição pública para reerguer o «Asilo dos Órfãos”.  Em 13 de Agosto de 1932, os Estatutos foram aprovados pela Portaria n.º 936 do Governo de Macau. Com a subscrição e mais algumas achegas finais, adquiriu-se uma soma de 10 mil patacas.

(1)   O Governo de Macau compra o edifício do Hotel Bom Vista, em 1923, à Santa Casa de Misericórdia por 82 585 patacas. O Liceu de Macau que estava funcionando neste edifício até aí, vai mudar-se para o Tap Seac.
Em 12 de Julho de 1924, o Liceu Central de Macau instala-se no prédio n.º 89 da Rua Conselheiro Ferreira de Almeida (Tap Seac). E aí ficará até à mudança para o novo Liceu (entretanto, em 1937, seria denominado Liceu Infante D. Henrique) construído no aterro da Praia Grande, junto da antiga Avenida Dr. Oliveira Salazar e inaugurado a 2 de Outubro de 1958.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
Posteriormente com a inauguração do novo Liceu, o edifício passou a Repartição Provincial dos Serviços de Saúde e a Delegacia da Saúde, e depois Serviços de Saúde de Macau. Presentemente este é o Edifício do Instituto Cultural do Governo da  R.A.E.M. (Praça do Tap Seac)
Anteriores referências ao Liceu, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/liceu-nacional-infante-d-henrique/
(2)   Gustavo Nolasco da Silva (1909-1991), filho de Luis Gonzaga Nolasco da Silva (7.º filho de  Pedro Nolasco da Silva e proprietário da «Casa Branca», posteriormente Convento da Órdem do Precioso Sangue) era licenciado em Direito. Foi conservador do Registo Predial de Macau. Foi advogado da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia  (Cartório da Santa Casa).
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/09/postais-macau-artistico-iv/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/06/personalidade-pedro-nolasco-da-silva/
(3)   GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(4)   Uma entrada de Abril de 1936, na “Cronologia “ citado em (1) da Dra. Beatriz Basto da Silva, refere ainda nesta data, a localização do Asilo na Travressa dos Santos. No entanto já tinha projecto de construção do edifício destinado a esta obra de assistência. O projecto foi feito gratuitamente pelo arquitecto Keil do Amaral sendo-lhe destinado um espaço cedido gratuitamente por diligência do Governador Interino, Dr. João Ferreira Barbosa.
(5) Foto de Man-Fook.  Retirado do Arquivo Científico Tropical:
http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD6878