“É inaugurada, como forte sinal de vitalidade, a Exposição Industrial e Feira de Macau, ideia do Governador Rodrigo Rodrigues, só exequível no Governo interino do Almirante Hugo de Lacerda. (1).
O local da Feira foi o então espaço livre (8 hectares de várzeas), na continuação da Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida a caminho de Mong Há, logo depois de cruzar a Avenida Horta e Costa, onde havia uma pequena lagoa (mesmo em frente à entrada do Kum Iam Tong), que emprestou beleza ao recinto, sobretudo com as iluminações nocturnas e com engalanados barcos de onde os estudantes do liceu ofereceram uma serenata.
O importante e concorrido certame acompanha o desenvolvimento industrial da I República (1910-1926) em Portugal. A atestá-lo mencionam-se entre outros ramos, a pesca e a conserva de peixe, tradicional e em lata, os curtumes e o calçado, os fósforos e panchões, papel e tabaco, actividade têxtil (seda, algodão), etc. (2)
Dos 650 inscritos, estiveram presentes 597 expositores (os mais numerosos: carpintaria e marcenaria: 57; sapatarias: 51; ourives: 30; alfaiates: 28; vinhos chineses e estrangeiros: 28; papelarias: 21; trabalhos em bambú: 20), sendo 540 de Macau e os restantes de Hong Kong e de outras procedências. Os produtos expostos atingiram um valor aproximado de $ 1000.000,00 (3)
O lago e o moinho holandês (4)
Num dos 60 pavilhões, o pavilhão «Portugal-Oriente», salientam-se produtos vinícolas (vinhos portugueses e conservas com 10 expositores) barracas de tiro ao alvo, roleta com prémios, loto, animatographo (1 expositor classificado como “filmagem cinematográfica”), etc. A Feira durou mais de um mês (fechou a 12 de Dezembro) e apenas como referência estatística, em 3 dias, só no Parque de Diversões foram registados 15 000 visitantes. Estes, no total, foram 289 537, supondo-se que cerca de 50 000 fossem forasteiros. (2)
Outro aspecto do lago e do moinho holandês
Foi feito um opusculo, em Macau, publicado em português e inglês, da autoria de João Carlos Alves e João Barbosa Pires, pela Tip. Mercantil, em 1927. (3) (5)
(1) Sobre este almirante: Hugo Carvalho de Lacerda Castelo Branco, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/27/leitura-a-necessaria-morigera-cao-dos-costumes/
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(3) ALVES, João Carlos; PIRES, João Barbosa – Macau e a sua Primeira Exposição Industrial e Feira. Com uma breve notícia do Porto. Macau, 1927. Tip. Mercantil da N. T. Fernandes e Filhos, 39 pp., 23 cm.
(4) Segundo informações da revista “Ilustração”, donde foram retirados estas fotos, “o rendimento diário do aluguer de sete barcos em serviço neste lago é de cerca 1 200$00.”~
(5) Sobre a Tipografia Mercantil da N. T. Fernandes e Filhos, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/04/04/anuncios-tipografia-mercantil-de-n-t-fernandes-e-filhos/