Camões esteve em Macau CAPALivro do Padre Manuel Teixeira, publicado em 1981 (1)
Na Introdução: “Duas Palavras”, de 10 de Junho de 1980, explica o Padre Teixeira o aparecimento do livro:
Em 1940, publicámos um livro – Camões em Macau – sobre a estadia do poeta nesta terra.
Em 1977, publicámos outro – A Gruta de Camões em Macau – dedicado a esse jardim pintoresco, reafirmando a passagem do grande épico por Macau.
Agora, por ocasião das festas comemorativas do IV Centenário da morte de Camões, voltamos a reclamar a mesma glória para esta Cidade do Nome de Deus.
A capa é da autoria do Prof. António Andrade, a quem muito agradecemos.”
Retiro parte do texto referente a uma das várias lendas existentes sobre Camões em Macau:
Vejamos outra lenda que nada tem com a tradição de Camões em Macau. O nosso saudoso amigo, Luís Gonzaga Gomes, faz-se eco dessa lenda no seu livro Curiosidade de Macau Antiga, p. 60. (2) Diz ele que quem se aproximar dos chineses que frequentam o jardim de Camões para espairecer e jogar e lhes perguntar porque é que esse local se chama em chinês Pak-Káp-Ch´au (ninho de pombas), eles respondem que em tempos idos viveu ali o poeta Ká-Mui-Si que por ser muito pobre só tinha por habitação uma palhota onde criava pombas para se alimentar.
Ora o que é certo é que esse toponímico não se refere ao pombinho Luís a pingar amor em aroubos líricos e a cortejar beldades femininas às portas das igrejas. Refere-se simplesmente ao alpendre em forma de pombal que o dono da Gruta, Lourenço Marques, teve a infeliz ideia de construir sobre ela.
Isto foi-nos contado por uma neta do mesmo Lourenço Marques, que ingressou no Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria e faleceu há poucos anos no Noviciado de S. Gabriel, na Rua da Boa Vista.”

(1)   TEIXEIRA, Padre Manuel – Camões Esteve em Macau. Direcção dos Serviços de Educação e Cultura, Macau, 1981, 47 p., 20 cm x 14 cm
(2)   GOMES, Luís Gonzaga Gomes – Curiosidades de Macau Antiga. Notícias de Macau, 1952, 292 p., 19 cm.
Na 2.ª edição, de 1996, do Instituto Cultural de Macau, está na p. 78.
Como o mísero vate se entretinha a criar pombos, o sítio ficou sendo conhecido pelo nome de Pák-Káp-Tch´âu ( 鴿 ), isto é, o Ninho de Pombas. Os mais entendidos acrescentarão que o sítio fora um morro duma ramificação do Monte e que a encosta abaixo era o local escolhido para se enterrar os chineses indigentes. Um dia morreu o poeta e enterraram-no debaixo do domesco trílito. Mais tarde, para se comemorar o facto de o insigne vate ter vivido neste sítio, colocaram aí um busto e o Governo resolveu comprar o parque, que pertenceu a diferentes donos, para o transformar em jardim público”.
(3)   鴿 (mandarim pinyin: bái ge cháo ; cantonense jyutping baak6 gaap3 caau4) – ninho de pombos brancos.

Sobre o busto de Camões e do seu proprietário Comendador Lourenço Marques, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/09/macau-e-a-gruta-de-camoes-ii/