“É difícil nos primeiros tempos perceber os macaístas a falarem entre si, porque usam um patois especial que não é nem chinês nem português, entremeado de gritos rápidos.
Quando falam com um português de Portugal lá se explicam melhor, mas com uma entoação à inglesa.
Assim, ao recém-chegado nunca se esquecem de perguntar:
Como gosta di Macau?
Está-se a ver o how do you like dos ingleses e ainda a resposta, a querer dizer – muito…infinito!
Dizem sempre em resposta:
Oh! Sim … (tradução do Yes britânico)
E quando não entendem dizem: Como não!
Os géneros masculino e feminino são trocados, dizem – o mesa e a bule di chá, e arranjam frases que só a experiência é que nos dá conhecimento do que significam, tais como, por exemplo, Abra a janela plan plan!, que quer dizer, abra a janela de par em par!.
Como exclamação admirativa ou de indignação, de surpresa ou de pasmo, têm uma cousa assim parecida com
Ou-I-àà! An-na ” (1)
NOTA: Filipe Emílio de Paiva assumiu as funções de oficial imediato da canhoneira «Diu», em missão de serviço na Estação Naval de Macau, em 25 de Abril de 1903. O navio estava fundeado no Porto Interior. O 1.º tenente Filipe Emílio de Paiva esteve embarcado na canhoneira até 28 de Fevereiro de 1905. (dados retirados da “Introdução” do livro)
(1) PAIVA, Filipe Emílio de – Um Marinheiro em Macau 1903. Museu Marítimo de Macau, 1997, 284 p. , ISBN: 972-96755-6-2