Pedala c´o joelho sob o lodo
e a tábua lá vai como um navio
Indo a maré, vem logo o desafio
de procurar na lama o peixe todo!
Óssea silhueta, olhar em fogo,
chafurda o mais que pode, até que o rio,
devagarinho, venha e lhe amacie
o corpo já cansado, feito engodo.
Se a colheita é melhor, põe um pivete
a PAK TAI, o deus a quem promete
veneração em troca do pescado
E dia a dia. assim, a vida inteira,
ao vento, à chuva, ao frio, à soalheira,
ignorando a cidade ali ao lado!
António Correia (1) (2)
(1) Sobre António Correia, ver anterior “post”:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-correia/
(2) CORREIA, António – Amagao, meu amor (sonetos). Edições MACAU HOJE, Lda. 1992, 121 p. 21,5 cm x 14,5 cm
Fotos da revista “Nan Van“, n.º 5, 1984.