Recorda-se hoje, nesta dia de 1930, o falecimento em Macau do escritor, poeta, dramaturgo, contista, médico, matemático, diplomata, António Patrício.(1)

António PatrícioAntónio Patrício, formado em medicina em 1908 (Escola Médica do Porto) ingressou em 1911 na carreira diplomática (por sugestão de Guerra Junqueiro) tendo desempenhado entre outros cargos diplomáticos, cônsul em Cantão (廣州; Guǎngzhōu). Em 1930 foi nomeado Ministro Plenipotenciário de Portugal na China e tinha chegado a  Macau no dia 3 de Junho, de passagem a caminho de Pequim (北京, Beijing),  afim de assumir o seu cargo na Legação Portuguesa quando foi vítima de uma “síncope cardíaca” no Palacete de Santa Sancha (2) onde se hospedara.
Os jornais da época atribuíram ao forte calor que nesse mês de Junho, Macau se encontrava, para a má disposição do diplomata que já depois de ter sido observado pelo médico após uma síncope  “passageira”, um novo ataque “fulminante”, o mataria.

O enterro realizou-se no dia seguinte, 5 de Junho, pelas 18 horas tendo o caixão de chumbo sido colocado no cemitério municipal, onde aguardaria lugar no vapor para Lisboa.

Segundo o «Jornal de Macau», o funeral terá sido um autêntico acontecimento que alterou o sossego de uma cidade pacata no princípio da década de trinta. Na frente seguiam as cruzes das três freguesias de Macau e, formando alas, os colégios dos revdos  Salesianos, Seminário de S. José, madres Canossianas e Asiladas, Contingentes do  Exército de Terra, da Marinha, Polícia Civil e Marítima e Corpo de Salvação Pública. Ladeado de muitas coroas de flores seguia o féretro coberto com  a bandeira nacional e, após o estandarte do Leal Senado, o Governador da colónia, director dos Serviços de Administração Civil, Bispo de Macau, Conselho de Governo e Corpo Consular, Magistratura, Leal Senado da Câmara, funcionalismo civil, militar e eclesiástico, banda municipal e povo” (3)

Serão Inquieto - António Patrício

NOTA: recentemente, em Fevereiro de 2013, foi lançado uma nova edição (edição e posfácio de David João Neves Antunes), pela  Assírio &Alvim, 157 p. (Colecção Obras de António Patrício / n.º 2), do primeiro livro de contos de António Patrício “Serão Inquieto“.

“Serão Inquieto” foi o livro de estreia, em 1910,  na prosa (o único livro de contos) e terá recebido boas críticas na época de lançamento (incluindo o de Fernando Pessoa). Esta edição inclui ainda alguns aforismos de «Words” que estava integrada na 2.ª edição.

 (1) António Patrício (Porto,1878 – Macau de 1930)  é um dos nomes cimeiros do simbolismo português.  Poeta, dramaturgo, escritor e contista, é no entanto um autor de uma obra muita curta já que deixou muitos livros e projectos inacabados.
(2) Sobre o Palacete de Santa Sancha, ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/palacete-de-santa-sancha/
(3) Informações recolhidas dum artigo, não assinado no “NAM VAN“, n.º 19, 1985, p. 25.