“Reuniram-se em assembleia vários moradores de Macau que elegeram uma comissão, composta de João Damasceno Coelho dos Santos, coronel João Ferreira Mendes, José Bernardo Goularte, José Maria da Fonseca, Francisco Justiniano de Sousa Alvim, Pedro Marques e José Joaquim Rodrigues Ferreira, para organizar uma sociedade de subscritores para a construção de um teatro. Até então todos os espectáculos de realizavam em «vistosos teatrinhos» (1) que se armavam na encosta de Mato-Mofino, que deita sobre a Rua da Praínha; na porção do terreno da Praia do Manduco, depois ocupada pelo jardim do Barão de S. José de Portalegre; na Assembleia Filarmónica, (2) que existia no largo de Santo António; no edifício do Hospital da Misericórdia; na residência do Juiz de Direito Sequeira Pinto; no «retiro campestre» de Santa Sancha, etc. teatrinhos esses que eram desarmados, uma vez dissolvidos os grupos de amadores que os animavam. Pensou-se, primeiramente, em instalar o teatro no edifício do Hospital S. Rafael. Tal ideia foi logo abandonada, pedindo a comissão ao governo o terreno do campo de S. Francisco, junto da rampa que conduz à entrada do quartel, pretensão esta que foi indeferida, sendo oferecida a cerca do extinto convento de S. Domingos. A Comissão, não gostando do local, requereu e obteve a 2 de Abril, o terreno do largo de S.º Agostinho (3). Correndo imediatamente a subscrição, em Macau e Hong Kong, o edifício do Clube e do Teatro D. Pedro V ficou quase concluído em Março de 1858, devido aos esforços do Cirurgião-Mor da Província, António Luís Pereira Crespo, Pedro Marques e Francisco Justiniano de Sousa Alvim. O risco e a direcção das obras foram da autoria do macaense Pedro Germano Marques (4)“ (5).
Fachada do Teatro D. Pedro V em 1907 (Foto de Man Fook)
Ao edifício delineado por Pedro Marques foi dado o nome de Teatro D. Pedro V, soberano então reinante; mas a actual fachada foi delineada pelo Barão de Cercal em 1873 (6) e restaurada em 1918 por José Francisco da Silva.
Situado no Largo de Santo Agostinho, em Macau, é um dos primeiros teatros de estilo ocidental na China.
Os Estatutos da Sociedade do Teatro D. Pedro V, foram aprovados a 20 de Abril de 1859 pelo Governador Isidoro Francisco Guimarães (o projecto de Estatuto apresentado pelo Secretário da Comissão Directora, Francisco Justiniano de Sousa Alvim tinha já sido publicado no Boletim Oficial de 6 de Novembro de 1858 ) (7)
Em 2005, o teatro tornou-se um dos locais do Centro Histórico de Macau a figurar na Lista do Patrimônio da Humanidade da UNESCO.
Teatro D. Pedro V (伯多祿五世劇院) em 1999 (8)
(1) Em 1839, foi construído o teatro luso-britânico pelo arquitecto macaense José Tomás de Aquino.
(2) A 30 de Junho de 1853, deu-se uma récita nas casas da Filarmónica, em favor dos Expostos deste cidade.
(3) “26-11-1860 – Por Portaria Régia desta data foi confirmada a concessão feita pelo governo provincial do terreno onde se edificou o Teatro D. Pedro V. ” (7)
(4) Nasceu em 1799, exerceu o cargo de escrivão da Câmara (não era arquitecto nem engenheiro, mas tinha engenho e arte) e faleceu viúvo, a 15 de Dezembro de 1874, com 75 anos. Está sepultado na Igreja de S. Agostinho (7)
(5) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(6) “17-03-1865 – Incendiou-se, pela madrugada, o Teatro D. Pedro V, mas o fogo foi rapidamente extinto, tendo apenas ardido parte duma janela. ” (5)
“30-09-1873 – Reabriu, restaurado, o Teatro D. Pedro V, com Estatutos aprovados por Portaria de 10 de Fevereiro deste ano” (7)
(7) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p (ISBN 972-8091-10-9)
(8) http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8d/Dom_Pedro_V_Theatre_in_Macau.jpg
[…] V, ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/08/leitura-o-teatro-d-pedro-v-ii/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/07/noticias-de-7-de-marco-de-1857-teatro-d-pedro-v-i/ (4) Sobre o Palácio e o Barão de Cercal, ver: […]
[…] de 1972 já que a 1.ª notícia do Teatro é de 07-03-1857, conforme postagens minhas anteriores: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/07/noticias-de-7-de-marco-de-1857-teatro-d-pedro-v-i/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/08/leitura-o-teatro-d-pedro-v-ii/ mas foi nesse ano […]
[…] NOTA: Ler em (3), a «história» inicial do Teatro. “Em Março de 1858, o edifício podia já dizer-se concluído no principal, graças especialmente à diligência do cirurgião-mor da província, António Luís Pereira Crespo, de Pedro Marques e de Francisco Justino de Sousa Alvim. Do cidadão macaense Pedro Marques é todo o risco e a direcção das obras, mas a actual fachada foi delineada pelo Barão do Cercal em 1873 e restaurada em 1918 por José Francisco da Silva.”(2) (1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/02/17/marcadores-de-livro-i-exposicao-de-plantas-de-edificios-historicos/ (2) TEIXEIRA; P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, (3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/07/noticias-de-7-de-marco-de-1857-teatro-d-pedro-v-i/ […]