Uma novela (melhor dizendo uma “novelização” dum guião cinematográfico incompleto) de aventuras nos inícios do século XX precisamente em1927. Tem como protagonista um pirata, aventureiro, , Anatole “Annie” Doultry, capitão  de navio, de meia idade , excêntrico, temido pirata nos mares entre as Filipinas e Xangai, nascido em Edimburgo no ano de 1876, a cumprir uma pena de seis meses nas prisões de Hong Kong (Cadeia Victoria ???). Partilha o catre, por cima do seu, com um português, de nome Lorenzo e entre as corridas de baratas organizadas por si para passar o tempo, salva a vida dum prisioneiro, por piedade ou misericórdia  Após a liberdade descobre que esta sua acção, é agradecido pela patroa do prisioneiro, a famosa pirata Lai Choi San (viúva chinesa de origem tanká ou  melhor euro-asiática como veio a descobrir o aventureiro), bela, cruel e perspicaz, …mas educada na escola missionária Colégio do Sagrado Coração de Macau!!! que o convida a participar num assalto a um barco britânico Chow Fa , carregado de prata. Anatole seduzido pelos encantos da mulher, aceita…..
Não revelo o final mas acrescento que o livro tinha tudo para um bom filme: batalhas navais, tufões sedução, traição, emoção e luxuria.

Da descrição de Macau, tudo mau: casinos clandestinos (“A Casa dos Sonhos Estranhos”), jogo (Fan-Tan) prostituição, piratas, subornos e contrabando de armas.
As maior parte das críticas disponíveis na net são desfavoráveis (2)

Para alguns, a história como o livro surgiu nas bancas é mais interessante.  Marlon Brando criou a personagem baseado em si: gordo, de idade média,  50 anos, excêntrico e apaixonado por mulheres asiáticas. Pediu a colaboração de Donald Cammel (realizador de «Performance» com Mick Jagger – e quese suicidou em 1986 apos da estreia de «The Wild Side», aos 62 anos de idade ) para elaborar um guião cinematográfico tendo este passado 8 meses em Tetiaroa, a ilha que Brando possuía (e vivia) no Taiti. No entanto, o actor que estava desencantado com Hollywood, negou apresentar o guião aos estúdios apesar de em 1982, a Sonny Mehta ter proposto 100 000 dólares por ele. Com a morte de Brando em  1 de Julho de 2004 (aos 80 anos),  China Kong , mulher de Cammell, encontrou “uma versão incompleta do livro terminado entre 1982 e 1983” e resolveu vendê-lo . David Thomson, critico cinematográfico, foi encarregado de estruturar a narrativa, “romanceá-la” e escrever o ultimo capítulo (só havida algumas notas deixadas por Cammell) e no livro acrescentou um posfácio («O Mistério da Colaboração»).

(1) BRANDO, Marlon; CAMMEL, Donald – Fan-Tan. Civilização Editora, 2006, 257 p., ISBN 972-26-2366-4
(2) Críticas, em inglês:
http://intellectualmediocrity.blogspot.pt/2011/09/fan-tan-marlon-brando-donald-cammell.html
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2005/08/25/AR2005082501466.html

NOTA:番攤 ( pinyin: fāntān; cantonense jyutping: faan1 taan1) é o nome de um jogo que poderá ser definido como uma roleta sem a roleta. E com apenas quatro números! Surgido na China há vários séculos, ele ainda hoje é praticado na Ásia e nas comunidades chinesas espalhadas por todo o mundo. Trata-se de um  jogo de apostas onde o banqueiro – aquele que as recebe e paga – recolhe um punhado de grãos de cereal de um recipiente e o deposita no centro da mesa. Em seguida, com o auxílio de uma varinha, ele vai separando os grãos em grupos de quatro. O último grupo, que pode consistir em um, dois, três ou quatro grãos, indicará o número vencedor. As apostas são feitas tradicionalmente nos quatro cantos da mesa, cada um deles correspondendo a um dos números.
Para quem estiver interessado neste jogo, poderá consultar:
PAULÉS, Xavier – Le fantan, une étude préliminaire /Fantan: A preliminary study
http://www.reseau-asie.com/cgi bin/prog/gateway.cgi?langue=fr&password=&email=&dir=myfile_colloque&type=
jhg54gfd98gfd4fgd4gfdg&id=421&telecharge_now=1&file=a37paules_xavier.pdf