A propósito dos 110 anos de serviço do Banco Nacional Ultramarino em Macau (desde 1902), lembrei-me deste livro.

Neste livro (1), o autor faz uma síntese histórica  de Macau abordando sumariamente a sua mística; aventura e comércio; os macaenses; a embaixada mártir; o patoá; a soberania e a geografia humana.
O capítulo mais desenvolvido e com maior  interesse  é o dedicado ao BNU em Macau.
Pode-se ler um resumo desse capítulo (que aconselho) no site (2). Este site contem fotos interessantes do BNU em Macau, ao longo dos anos desde fase de construção do edifício na Av Almeida Ribeiro. Uma delas mostra ainda o BNU “à beira” da Baía de Praia Grande.
O autor (1927-1992) foi Director-Coordenador e Secretário Geral do BNU (sede em Lisboa).
Reconhecido também como grande escritor, poeta, historiador, etnógrafo e defensor dos valores regionalistas (3). Foi professor, crítico de teatro. Tem o seu nome numa praça em Coentral /Castanheira de Pera. Foi fundador e director do Rancho Folclórico Neveiros do Coentral do Concelho de Castanheira de Pêra e do Núcleo Museológico ” A Casa do Neveiro”
Do Capítulo 8 (BNU EM MACAU) 8.12 – “O Mar já não é o caminho, transcrevo a carta enviada pelo gerente brigadeiro Vasco Themudo  que escreveu para a administração de Lisboa a fim de celebrar um contrato com a Companhia Pan-American Airways para que esta passasse a fazer carreiras para Macau (viria a celebrar contrato com o governo de Hong Kong) e para salientar os gastos que se fizeram para o “tao desejado e afamado porto marítimo de Macau tão sonhado e nunca concretizado”.
“São enormes as reduções dos proventos dos exclusivos dos jogos e lotarias, e do rendimento do ópio que há-de tender a diminuir e possivelmente acabar num futuro próximo, com as campanhas para terminar com o hábito do vicio e cura dos intoxicados, e especialmente pelas medidas que vão ser postas pelo Governo do Norte da China a partir de Agosto, como V.Exas. poderão ver do recorte do South China Morning Post que mando junto. Por essas medidas quem se atrever a fumar ópio depois do dia 10 de Agosto, poderá ser condenado a prisão perpétua ou mesmo sentenciado à morte. Nada vemos no horizonte de que se possa lançar mão para fazer ressurgir esta Colónia, senão transformar Macau num aeroporto. Gastaram-se mais de 15 milhões de patacas para fazer um porto marítimo e tínhamos ficado sem porto e sem as patacas.”
Lamentavelmente (por descuido ou falta de conhecimento) uma das fotos constante no livro intitulada “Macau- Estátua do Governador Ferreira do Amaral –XVI foto) encontra-se “invertida/ao contrário”.
Pela posição da estátua, basta “uma visão” para notar que o Liceu Nacional Infante D. Henrique deveria estar à direita da estátua. Recorda-se que o Governador Ferreira do Amaral tinha sido amputado ao braço direito em consequência dos ferimentos sofridos nas guerras para a Independência do Brasil, em Itaparica, a 24 de Fevereiro de 1823.
(1) MACHADO, Herlander – MACAU de ontem e de hoje. Lisboa, 1981, 173 p. + XVI Fotos, 20,7 x 14, 5 cm
(2) http://banconacionalultramarino.blogspot.pt/search/label/MACAU%20-
NOTA Nesse mesmo site (2) pode-se ler, também o depoimento do Dr. Edmundo Rocha que esteve como gerente do BNU (Macau) de 1980 a 1988.
(3) http://banconacionalultramarino.blogspot.pt/2010/06/dr-herlander-machado.html