… continuação do post  anterior (1)

“Então a tropa deu uma descarga contra os manifestantes. Um bom número d´eles caiu varado de balas, ao passo que os restantes, que subiam a mais de 4.000, se puzeram em fuga, deixando na sangueira, que cobria o solo, sapatos, leques, lanternas, varapaus e bandeiras.
Se não tomam esta resolução, eram todos varridos por uma metralhadora que pouco depois chegava ao local.
  No quartel de voluntários – Civis preparando-se para ir policiar a cidade

A deserção foi tão completa que nem se importaram com os mortos. Recolheram-nos, os nossos soldados, envolvendo-os em esteiras e removendo-os em «camions» para o cemitério.
                       Paisanos de guarda à fábrica de electricidade
 
Vinte e tantos dos fugitivos haviam-se refugiados n´uma casa em ruínas. Foram lá descobertos empilhados sobre os outros. Quando se sentiram descobertos saíram e puzeram-se de joelhos deante das nossas tropas pedindo misericórdia. No esconderijo ficara só em estendido, porque esse estava morto.
O governo chinez não julgou do seu direito o intervir” (2)

NOTA: Foi,  a pretexto destes conflitos em Macau, que o Governo de Lisboa decidiu enviar o General Manuel Gomes da Costa (1863-1929) ao Oriente para inspeccionar as tropas (Índia, Macau e passou por Xangai). Foi após o regresso que Gomes da Costa insatisfeito com a política do Governo, decidiu  aceitar chefiar o golpe militar em 28 de Maio de 1926.
Conflitos no Oriente – Decretado o estado de sítio em Macau, depois de sangrentos conflitos com cerca de três dezena de mortes (29 de Maio). Governo pensa nomear Gomes da Costa para governador de Timor, mas o grupo parlamentar dos democráticos opõe-se. O general escreve, então, uma carta para o jornal A Capital a denunciar o facto e António Maria da Silva (1872-1950, chefe do Governo em 1922) trata de mandá-lo dar uma grande volta de inspecção extraordinária às colónias do Oriente (15 de Julho). Parte em Agosto de 1922 e só regressa a Lisboa em Maio de 1924.” (3)                
8-10-1922 – Chegou o General Gomes da Costa, acompanhado  do seu filho Carlos Nunes Gomes da Costa, como Secretário, e o tenente Salgueiro Rego, seu ajudante de campo, para inspecionar os serviços militares de Macau” (4)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/23/os-tumultos-de-macau-em-1922i/
(2) Artigo não assinado da Ilustração Portuguesa n.º 860, 1922
(3) http://maltez.info/respublica/portugalpolitico/anuario/1922.pdf
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)