Outra descrição de tufão que passou por Macau – 23 e 24 de Setembro de 1831.
Harriet Low (1) descreve no seu diário, o tufão que desabou sobre a cidade:
“Destruiu completamente a Praia Grande; arrancou pedaços de granito de dez pés, projectando-os contra os vestíbulos das casas…
Nada mais que uma cena de destruição esta manhã!
A nossa varanda (2) está bastante destelhada, as nossas esteiras desapareceram todas.
Onde está o cais? Foi-se; ficou completamente demolido! O telhado da Casa da Companhia abateu e imensas massas de granito foram projectadas no solo.
Muitas casas chinesas no extremo do cais foram arrancadas e a ermida da Penha encontra-se muito danificada.
Na avenida está a quilha de um grande barco, que ainda há poucos dias eu vi entrar com as velas pandas nos seus altos mastros e que agora estão niveladas sem a quilha, não ficando um único pau de pé”
Vista da Praia Grande c. 1830 (3)
(1) Harriet Low viveu cinco anos (1829 -1835) em Macau (natural de Salem, Estado de Massachusetts). Chegou a Macau a bordo do navio “Sumatra“, sob o comando do Capitão Roundy, em Setembro de 1829
Harriet Low 1833, George Chinnery (4)
(2) Harriet Low estava hospedada na residência do seu tio W. H. Low, que era então chefe da firma americana Russel & Co. Esta casa ficava no alto da Calçada de S. João, no prédio n.º 22 do Pátio da Sé (também mencionada por Largo da Sé) sendo a primeira à direita, ao descer essa Calçada . Samuel Russel veio para a China em 1818 como representante dos interesses de Hoppin Brothers, de Providence, R. I. que se associou, em 1824, à firma de Thomas H. Perkins, resultando “Russel & Co.” Em 1846, passou a firma a estabelecer-se em Hong Kong. Foi uma das mais influentes no Extremo Oriente até 1891.
TEIXEIRA, M – Macau através dos séculos. Macau, Imprensa Nacional, 1977, 87 p.
(3) Retirado de “Rise & Fall of the Canton Trade – Image Galleries – Places”
http://ocw.mit.edu/ans7870/21f/21f.027/rise_fall_canton_04/cw_gal_01_thumb.html
(4) Retirado de Rise & Fall of the Canton Trade System Gallery: PEOPLE
http://ocw.mit.edu/ans7870/21f/21f.027/rise_fall_canton_04/cw_gal_02_thumb.html
A propósito desta pintura , no seu diário, de 18 de Agosto de 1830, Harriet Low posou para o pintor Chinnery vestida com a última moda trazida de Calcutá – “com mangas enchidas com almofadas de penugem” e comenta:
“Such sleeves I never beheld—complete frights!”
[…] https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/j-dyer-ball/ (3) Sobre Harriet Low, ver referência em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/09/23/leitura-diario-de-harriet-low-tufao-de-1831/ (4) TEIXEIRA, Padre Manuel – Macau no séc. XIX visto por uma jovem americana. Direcção dos […]
[…] O alpendre em forma de pombal, sobre a gruta, já aparece em 1797, na gravura do livro de Sir George Staunton, intitulado “An Authentic Account of an Embassy from the King of Great Britain to the Emperor of China”. O caramanchão ou pavilhão chinês encimado pelo tal pombal apareceu em 1558, na revista «Archivo Pitoresco», e em 1900 na revista de João Feliciano Marques Pereira, «Ta-Ssi-Yang-Kuo», Vol II, p. 534. Talvez este alpendre circular semelhante a um pombal terá dado origem à nomenclatura chinesa de Pak Kap Tch´au, dada ao Largo e ao Jardim de Camões. Esta pintura está datada de 1831/1832. Nessa altura já lá havia um busto, pois Harriet Low (3) no seu diário do dia 18 de Outubro de 1829, anotava: “…Noutra parte, há uma gruta nos rochedos, onde o famoso Camões escreveu os Lusíadas. Na gruta ergue-se o busto de Camões…é um lugar selvático e aprazível…” E creio que este desenho terá sido feito antes de 3 de Setembro de 1832, dia do grande tufão que assolou Macau e fez grandes estragos na casa Garden e os jardins. No mesmo diário de 8 de Setembro de 1832 : “… Agora está inteiramente delapidado; as paredes foram arrombadas pelo tufão, as árvores arrancadas pelas raízes, os templos e as casas de verão, demolidos….” . O busto foi mutilado entre 1837 e 1840, e a pedido de Lourenço Marques, o antigo Vice-Cônsul da França em Macau, Chalave, encomendou em Paris um busto em bronze do poeta ao escultor Jules Droz (pediu 600 francos pelo trabalho). Mas tanto quanto se sabe, o busto de bronze nunca chegou ao seu destino embora a obra fosse executada e enviada para Macau. No entanto foi colocado em 1840 um busto de greda, de cor bronzeada feito em Macau por um artista chinês. O primeiro busto seria colocado em 1840, por iniciativa do Comendador Lourenço Marques, que herdou a Gruta, por ter casado com uma filha do Conselheiro Manuel pereira (falecido em Macau a 10 de Março de 1826 que já anteriormente tinha mandado branquear o alpendre), e o mesmo Lourenço Marques “na senda tortuosa do mau gosto”, em 1840 mandou revestir de alvenaria o corpo do rochedo da Gruta e circundar o local por um muro de alvenaria. As paredes do rochedo foram cobertas com 3 ou 4 lápides de granito com inscrições. (1) Ver: Álbum de Desenhos a Lápis Sobre Macau e Ilhas do Atlântico e Índico – 50 desenhos. http://purl.pt/index/porCulture/aut/EN/933589_P6.html. (2) Ver https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/01/24/leitura-macau-cidade-do-nome-de-deus-na-china-nao-ha-outra-mais-leal/ (3) Outra referência de Harriet Low é a descrição do tufão que atingiu Macau nos dias 23 e 24 de Setembro de 1831, in https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/09/23/leitura-diario-de-harriet-low-tufao-de-1831/ […]