Chinelas conhecidas como “havaianas” (marca brasileira de sandálias de borracha produzidas a partir de 1958) (inspiradas nas sandálias japonesas feitas de palha de arroz ou de madeira lascada) (1) e popularizadas em todo o mundo  após finais da década de 50. Estas chinelas tornaram-se populares em Macau na década de 60 e o macaense (muito adequadamente) logo as baptizaram de CAPÍ NO PÊ – “prender no pé”, entalados entre os dedos do pé.

CAPIR prender, entalar (uma peça de roupa na tampa duma mala, uma mão ao fechar uma porta, um rato na ratoeira, qualquer objecto entre os dentes duma pinça, etc.) – linguagem corrente
Étimo – Não possuo informação segura, mas o mal. Kapis, «a generic name for shells of the genus Pecten» (Wilkinson), parece-me um étimo provável. O rápido e hermético fechar da concha dum molusco poderia dar a acepção de “apertar, entalar“. Com a habitual perda do -s no mac., o mal. kapis produziria capi, talvez um subst. perdido, e daí o verbo capi sem o r do infinito que lhe teria sido acrescentado modernamente na pronúncia capir, aliás pouco usual, de influência culta. (2)

Outros exemplos (3)
Capí mám na porta – entalou a mão na porta
Capí ôlo – piscar o olho
Capí pâm co pisunto – introduzir presunto entre as fatias de pão, à oda de sanduíche.

(1) http://pt.wikipedia.org/wiki/Havaianas
(2) BATALHA, Graciete Nogueira Batalha – Glossário do Dialecto Macaense, notas linguísticas, etnográficas e folclóricas. Coimbra, 1977, 338 p.
(3) FERNANDES, Miguel Senna; BAXTER, Alan Norman – Maquista Chapado. Instituto Internacional de Macau, 2001, 234 p. , ISBN 99937-45-00-6