O poeta WANG ZHAO YONG que visitou Macau em 1900, escrevendo as 15 poesias da sua obra POEMAS DISPERSOS DE MACAU, refere-se à tradição (de que a Arqueologia não encontrou vestígios) de Mateus Ricci (1)  ter deixado no topo do Jardim de Camões, um observatório astronómico de pedra. O poeta tenta «encontrar a casa de pedra para observar estrelas» e evoca as palavras do outro poeta anterior DI HANG SENG (pseudónimo de Zhong Feng-Shi) sobre o mesmo assunto. (2)

A Gruta de Camões em 1898 (3)

É de 1900 a descrição da Gruta pelo G. Weulersse (4):
” … Des haies de jeunes bambous; un taillis clairsemé de grands banians a caoutchouc dont les racines comme des serpents se glissent dans les fissures des roches, et comme des tentacules de poulpe les enserrent; des dessins de rocaille, mais recouverts de mousse , des allées élégantes, mais envahies par les herbes: tout respire un air de demi-abandon, de nature douce et libre… (…)
 … Le monument du moins est digne do poète. Entre deux énormes blocs de granit qui, en s´appuyant l´un contre l´autre, forment une arche naturelle, le buste de bronze est placé sur un socle de granit, et sur l´héroique mélancolie de ce visage où l´oeil droit est éteint, descendent comme des lauriers toujours nouveaux des branches de feuillage vert. Macau est bien restée la «Cité Saint» qu´elle était au temps de Camoens. “

Uma das primeiras gravuras da Gruta de Camões, em 1797 (5)

(1) Matteo Ricci (1552-1610), jesuíta italiano, chegou a Macau em 1582 tendo partido para a China no ano seguinte.
(2) SILVA, Beatriz Basto de – Cronologia da História de Macau, Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1997, 454 p. ISBN-972-8091-11-7.
Em Julho de 1787, fundearam, no ancoradouro da Taipa, os vasos de guerra franceses Astrolabe e Boussole, e os seus oficiais, sob a direcção de La Pérouse, estiverm instalados no recinto da Gruta de Camões, afim de efectuarem várias observações astronómicas.
(3) Fotogravura de P. Marinho, segundo uma fotografia tirada e oferecida por Joaquim António, de Bangkok (Sião), referida na revista MOSAICO. Nº 11, 1951
(4) Do livro “Chine Ancienne et Nouvelle“, citado por Padre Teixeira, embora erradamente como A. Weulersse em:
TEIXEIRA , Padre Manuel – A Gruta de Camões em Macau. Fundação Macau/Instituto Internacional de Macau, 1999, 226 p. , ISBN 972-97865-2-6
O livro referido
WEULERSSE, Georges – Chine Ancienne et Nouvelle: impressions et réflections, Librairie Armand Colin, Paris, 1902, 402 p. (Macao pp. 63 -79)
poderá ser consultado em:               http://archive.org/stream/chineancienneet00weulgoog#page/n15/mode/2up
(5) Gravura do livro
STAUNTON, George – An Account of an Embassady from the King  of Great  Britain to the Emperor of China, Bart, Londres, 1797
Sir George Thomas Stauton, 2.º barão (1781-1859) foi um viajante inglês e orientalista. Acompanhou o pai, desde os 12 anos de idade , o 1.º barão, diplomata e secretário de Lord Macartney na sua missão à China (1792-1794). Em 1798, nomeado chefe numa das fábricas da  “British East India Company” em Cantão (Guangzhou).