UMA DESCOMPOSTURA
(Dialecto macaense)
«Vai ná minha bolontrão
Sevandija discarado,
Eu diverá mutu reva,
Olá ung-a Nhum assim malvado!
Vôs non tem nada di bom,
Divera certo falá;
Raspiáte sem vergonha,
Pra vôs non quêro olá
Tudo laia tem roindade
Est´ung-a bobo quarenta fora
si vôs vai na minha casa,
Pinchá de jinela fora
Non quero vae vosso casa
Tem medo de suzá pê, ,
Quim qurê tratá cô vôs ?
Tché ! … Lé cô lé, cré cô cré
Gente benfeto»
UMA DESCOMPUSTURA
(Em Português correcto)
«Vai-te meu desajeitado
Suvandija, descarado,
Eu, de verdade, fico muito zangado
De ver um homem assim malvado!
Tu não tens nada de bom,
De verdade é certo o que te digo;
Pelintra sem vergonha,
Não quero olhar para ti
Tem toda a espécie de ruindade
Este bobo de mais de quarenta anos.
Se tu fores a minha casa,
Deito-te da janela fora
Não quero ir a tua casa
Tenho medo de sujar os pés,
Quem quer tratar contigo?
Tché ! Lé com lé, cré com cré
Gente boa»
Retirado das páginas 88 e 89 do livro de Hermengada Marques: “Macau terra de lendas” (1).
A autora refere ter tirado “dum livro do ilustre escritor Francisco Carvalho e Rego” (2), no entanto, estes versos já estavam reproduzidos na “Ta-Ssi-Yang-Kuo” de J. F. Marques Pereira, de 1889-1990, com a seguinte nota: “Este verso que me foi communicado recentemente pelo meu valoroso auxiliar o sr. capitão Claudio da Silva e que circulou na colónia com a rubrica de «gente bem fêto»
(1) PINTO, Hermengarda Marques – Macau terra de lendas. Campanha Nacional de Educação de adultos (Plano de Educação Popular), Colecção Educativa Série E, n.º 1, Tipografia da Atlântida-Coimbra, 128 p. + |4|, + 16 extra-textos, 4 dos quais a cor,16,5 cm x 11,2 cm. S/d.
(2) Estes versos estão inseridos no livro “Macau” (1950) de Francisco de Carvalho e Rego.
Sobre Francisco Carvalho e Rego (vida e obra), poderão recolher mais informações em:
http://macauantigo.blogspot.com/2010/02/francisco-de-carvalho-e-rego.html
http://www.revista.akademie-brasil-europa.org/CM03-02.html